quinta-feira, 30 de outubro de 2008

Apresentação

O físico americano Richard Feynman (1918-1988), laureado com o Nobel em 1956, disse em seu livro “Lectures On Physics”, 1963, o seguinte: ” Não faz qualquer diferença o quão inteligente você é, quem produziu tal pensamento, ou qual é o seu nome .... se isso (o que você produz) estiver em desacordo com os processos da vida real, estará errado. Isso resume tudo”.

Poderíamos acrescentar que a realidade precede o conhecimento.

Transpondo essa concepção para a medicina, poderíamos dizer que toda a produção de conhecimento que estivesse em desacordo com os princípios da vida, com as dinâmicas que mantêm a vida, estaria errada. Como a vida do ser humano é um produto do universo e da natureza, podemos dizer que quando um conhecimento agride ou está em desacordo com os processos da natureza, certamente ele está errado.

Esse foi o fio condutor do que está apresentado nesse livro. Queremos mostrar o quanto a medicina atual está afastada da idéia de natureza. Tornou-se uma apologista das vias antinaturais, quando sucumbiu à terapêutica com substâncias químicas estranhas ao organismo (quimioterapia). Tornou-se refém da Indústria Quimicofarmacêutica. Perdeu completamente o seu vínculo com a vida e a natureza, e só fala da sua construção maior – a doença.

Isso não quer dizer que a medicina oficial não tenha avançado, e proporcionado benefícios importantes aos usuários. A física newtoniana também produziu conhecimentos que permitiram e ainda permitem avanços e contribuições para a humanidade, embora esteja completamente superada pela física quântica. Mas, quando se avança orientado por saberes reducionistas, precocemente se esbarra nos seus próprios limites. Esses limites devem ser identificados e a superação buscada.

O problema é que o saber e a prática estão organizados institucionalmente, como no caso da Ordem Médica. Aqui, passa a vigorar outra dinâmica e, assim, os limites, as insuficiências, as falhas, os erros, não são percebidos ou, se percebidos, perdem importância diante dos aspectos positivos. Mais do que isso, o processo de medicalização radical da vida moderna está estruturado quase como uma questão de fé. Ainda é incipiente o movimento social crítico de base cultural à medicina oficial. O aparelho de estado, através das suas agências, tende a impor o modelo único alopático, com restrição ativa às demais medicinas e modalidades terapêuticas.

Desse modo, na prática, o cidadão perde a sua liberdade de escolha terapêutica.

É preciso chamar a atenção da sociedade de que a liberdade de escolha terapêutica é uma questão da democracia, que evolui para além dos direitos políticos. Para viabilizar a liberdade terapêutica é necessário que haja produção de conhecimento e oferta de serviços no campo das medicinas não oficiais. Não adianta haver liberdade e o cidadão não conseguir exercitá-la. Nas democracias mais avançadas já existe essa consciência e os setores interessados fazem alianças sociais (usuários e profissionais) no sentido de viabilizar o seu direito de escolha terapêutica.

Não reivindicamos qualquer monopólio de verdade, pelo contrário, pretendemos quebrar o monopólio da doutrina oficial médica, e mostrar para o leitor que:

Qualquer conhecimento é parcial;

Que qualquer conhecimento é uma construção da cultura e tem a sua filiação em termos de paradigma, concepções, ideologia. Não existe uma só medicina, mas várias medicinas e sistemas médicos, por que temos várias culturas e uma pluralidade incrível de pensamento na evolução da humanidade.

Não temos também qualquer pretensão em desmontar ou demolir o grande edifício da medicina ocidental contemporânea, que se expandiu para todo o planeta.

Queremos simplesmente mostrar o elo essencial perdido da arte da medicina, os limites dessa doutrina e indicar possíveis caminhos já disponíveis para superação.

Dr. Eduardo Almeida
(Página de apresentação do livro)
"A cura deve começar muito antes do paciente chegar na sala de espera do consultório médico."
Luís Peazê